Review: Mad Max — Estrada da Fúria

Durante anos, o diretor George Miller tentou trazer Max Rockatansky de volta às telas. Mel Gibson quase voltou ao papel que deu o pontapé inicial da sua carreira internacional, mas o tempo e as polêmicas com o ator acabaram atrasando tudo e, eventualmente a produção seguiu em frente com Tom Hardy no papel principal.

Depois de alguns anos desde o início das filmagens (começou em julho de 2012!), Mad Max: Estrada da Fúria chega aos cinemas e responde se toda essa espera valeu a pena. A resposta é: Sim, VALEU PRA CACETE!

O retorno do Road Warrior

Mad Max: Estrada da Fúria é um filme diferente do que você está acostumado a ver ultimamente nos cinemas. Em momento algum, ele tenta te levar pela mão ou cria momentos de exposição da trama e passado daquele mundo e personagens.

Em aproximadamente dois minutos de filme, você fica sabendo que existe um cara chamado Max, que ele era policial, perdeu a família para as loucuras de um mundo pós-apocalíptico, vítima de guerras por petróleo e água, e agora a galera vive no deserto. Sobre Max, a única coisa que você precisa saber é que ele é um sobrevivente.

FURY ROAD

Pronto, essa é toda a explicação que o filme te dá sobre o mundo e isso é sensacional. Pelo fato de não te entregar todos os detalhes, você acaba preenchendo as lacunas sozinho e, no processo, aceitando vários absurdos, como pessoas vestindo roupas ridículas ou caminhões de som no meio de batalha com um sujeito tocando uma guitarra pra animar. E a guitarra solta fogo, porque isso é legal pra caramba.

Estrada da Fúria é um filme cheio de detalhes, mas, ao mesmo tempo, solto o suficiente pra fazer você se acostumar com tudo. Isso torna aquele mundo mais imprevísivel se de fato ficássemos meia hora aprendendo sobre o que aconteceu com tudo.

Isso também ajuda na carecterização do Tom Hardy como Max.  Por adotar o esquema de Mad Max 2 e 3, em que a história é basicamente um conto sobre esse sujeito que aparece, ajuda uma galera no mundo e vaza, o personagem ganha um jeito de lenda. Por isso, em momento algum parece estranho não ser o Mel Gibson ali.

A lenda continua, não importa o seu rosto.

Uma imensa cena de ação de duas horas

Geralmente quando galera fala sobre filmes blockbusters, gosta de chamá-los de uma “montanha russa de emoções”. Mad Max: A Estrada da Fúria é basicamente uma grande decida em alta velocidade que, em alguns momentos resolve te deixar respirar, só pra voltar a ser um absurdo.

O filme é, basicamente, uma cena de perseguição de duas horas, com cenas cada vez mais frenéticas e que, se levarmos em consideração que foi feita com bastante proezas reais, sem muita computação gráfica, ficam só mais impressionantes.

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Tudo no filme funciona como deveria e ele acaba se mostrando como o tipo de longa que te deixa na beira da cadeira do começo ao fim.

O mundo é das mulheres

Uma das coisas mais interessantes de Mad Max: Estrada da Fúria é como o Max é um simples coadjuvante para a história, ficando ali pra ser a ajuda pra galera que importa. E quem importa?

O filme mostra uma citadela liderada por Immortan Joe, um sujeito todo bichado que comanda um exército de jovens também bichados. Uma de suas comandantes, Imperator Furiosa (Charlize Theron) sai com um caminhão pra buscar mantimentos, apenas para fugir com bens de Joe: jovens que são usadas como parideiras de seus filhos.

O fato do Max acabar cruzando o caminho delas e ficando pra ajudar não elimina o fato de que todas, em especial Furiosa, lutam por elas mesmo. Em vários momentos, é possível dizer que o personagem da Charlize Theron é o principal do filme, com o Max ali pra dar aquele suporte.

DÁ PORRADA!
DÁ PORRADA!

O diretor George Miller conseguiu matar aquela coisa de que o personagem feminino PRECISA do herói para sobreviver e avançar. Eles se ajudam e, em várias cenas, é possível dizer que Max e Furiosa estão ali como iguais. Em outras cenas, ela acaba salvando ele. No final, é possível dizer que o Max é realmente uma força que está ali para dar suporte, enquanto a verdadeira heroína da história é a Furiosa. E pô, a mulher não tem um braço e ainda consegue ser mais sensacional nas cenas de ação que muito marmanjo em filme hypado por aí.

Que dia lindo!

No final das duas horas de filme, é possível dizer com certeza que o diretor George Miller, no alto dos seus 70 anos, consegue deixar quase todos os outros diretores mais novos e “inovadores” no chinelo. Ele praticamente reinventou o jeito de se fazer filmes pós-apocalípticos (após ter dado o pontapé com o primeiro Mad Max), e entrega um filme que não só mostra como longas de ação podem (e deveriam) ser emocionantes, com bons personagens e uma dose de fanfarronice (aquele guitarrista com a guitarra de fogo é fantástico).

Eu poderia falar da fotografia sensacional do filme ou da sua trilha sonora, mas eu estaria só fazendo você perder tempo. Mad Max: Estrada da Fúria já pode ser considerado como um dos melhores filmes do ano e, com quase certeza, o melhor longa de ação dos últimos tempos. Sim, o hype é real. Ele é BEM real.

Review Mad Max